24 de out. de 2012
Para a posteridade.... 



18 de out. de 2012
Tem coisas que foram feitas pra ser escancaradas. 

Como isso de agora. 

Como esse futuro. Será?

Como essa míngua de coisa que sai. Sairá?

Como esse dentro de mim que trai. Trai?

Como esse tempo que eu espero. Espero? 

Espero. 


16 de out. de 2012
FACÍNORA

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Altamente chata, implicante, intolerante, consciente, nada sinestésica e muito sarcástica.

A personagem criada por Bruno Caldeira rompe com a hipocrisia e joga a bola para o espectador: quem conseguir ficar até o final, entende o enredo. 

Quando assisti FACÍNORA pela primeira vez, fiquei perplexa. 
Era época de Verão Arte Contemporânea e Campanha de Popularização. E lá estava eu com meu caderninho a postos montando minha agenda. 
Consigo achar peças excelentes de terça e domingo. Ou seja, nesse período, minhas noites ficam repletas de cultura.

Lembro que aquele nome tinha me chamado a atenção. (até porque o VAC chama muito a atenção). 
A peça era numa quarta (o dia estava repleto de comédias besteirol). 

 Tiago ainda citou uma peça da Campanha que ele tinha se interessado, e eu lembrei "Não! Hoje tem Facínora". 
Confesso que nem li a sinopse. Fui por causa do nome. 

Quando a peça começou, vi que FACÍNORA ocupava os quatro cantos daquele teatro. 
Comecei a pensar na pós graduação que eu estava fazendo, e nas aulas em que tanto debatíamos cultura. Realmente, vivemos na cultura do  cinismo e das completas vulgaridades. É aquela velha história... segundo pesquisa do IBGE, 98% da população brasileira se diz não preconceituosa, mas conhece pelo menos uma pessoa que é...!?

Depois que li vários artigos da Lilia Moritz Schwarcz, entendi mais ainda o propósito de tudo aqui

Facínora nos dá um tapa na cara. Nos faz engolir a nossa dura realidade. Enquanto intolerantes, enquanto inconsequentes, enquanto tiranos. 

Saí da peça intrigada. Como teria apresentação no dia seguinte, resolvi chamar os amigos. E claro, fui novamente. Queria ter a certeza de que sim, aquela peça existia. 

Desta vez, vi duas pessoas abandonarem o teatro nos primeiros 15 minutos. 
Escutava risinhos pelos cantos, e vez em quando, algum comentário: "que absurdo, que patético".

Sim, é patética a forma como a sociedade age. E para quem o espelho serve, a porta do teatro é mais que a serventia da casa. 

Facínora nos tira da zona de conforto e nos coloca num cimento desagradável, cruel e real. 

Vale a pena cada segundo de realidade.

Ah, esqueci de contar que, depois da peça, subi no palco, corri para o camarim para aplaudir os atores. E simplesmente me deparei com figuras fantásticas e simpáticas!!!


Ahhhhhhhhhhhhhhhh! E FACÍNORA ESTÁ DE VOLTA A BH!!!

de 18 a 21 de outubro (quinta a domingo)
sempre às 20h.
No espaço Multiuso do SESC PALLADIUM. (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro)
R$ 40,00 inteira

(se não aguenta, não suba o elevador e vá beber leite!)




11 de out. de 2012
Hibridismo


O Senhor Osias acaba de ligar. Mas como o nome dele se transforma em poesia, eu, sem querer, faço-a transbordar:

_ Alô! Senhor Oásis?!

_ Oi!(ele finge não escutar).

No fundo, acho que gostou do novo nome.




Então me lembro de Manoel de Barros e sua enseada...

O rio que fazia uma volta
atrás da nossa casa
era a imagem de um vidro mole...
Passou um homem e disse:
Essa volta que o rio faz...
se chama enseada...
Não era mais a imagem de uma cobra de vidro
que fazia uma volta atrás da casa.
Era uma enseada.
Acho que o nome empobreceu a imagem.



Fica, então, Sr. Oásis... 
8 de out. de 2012
TRANSBORDAMOR  TRANSBORDADOR

Monto os espaços
Vivo o lúdico
Transbordo.
Bordo?

Redemoinho
Esconder no ninho
Pequenininho. 

E então se vai.
Sempre?
Pra quando?
Transbordador. 

Abraços que se partem. 
Bocas que se medem. 
Esquecem?

Acontecer
Envaidecer
Entristecer
Escurecer

Vem?
Encolho e reprimo. 
Quero. 
Volto. 

Espero.
Quieta.
Calada.
Cheia.