18 de jul. de 2012

"prelúdio"

            
Sou inconstante nas minhas sinas. Mexo e desdobro em mil partes este origami sem fim. Encontro apenas os limites físicos que me impedem sair e alcançar algo longínquo.
            Tento, de todas as maneiras, fugir para alguma esbórnia que aceite o sono profundo, pelo menos por alguns dias. A distância entre dois pontos está maior que meus olhos possam enxergar.
            Nesta infinitude, me encontro perdida nos emaranhados empapelados e encrustados na pele. Sigo para qualquer caminho que me abra uma porta e veja pelo menos que encolhi.
            Corro atrás dos horizontes pueris que vageiam na minha memória e teimam em não desaparecer.  Lembranças desastradas, sujas e enferrujadas.
            Essa existência incomodativa cansa. A sequencia de erros matemáticos mostram o quão estranha está toda essa história. Tento encontrar atrás dos quadros e dos rostos algo que justifique meu pensar.
Tento, nas palavras tristes, encontrar um fundamento que justifique essa errância... Se ela era, desencanto terrivelmente da realidade e parto, nas minhas inconstâncias, para caminho diverso, antes habitado somente no inconsciente.
Parto rumo ao meu nada, aos meus vazios, aos meus buracos internos que precisam ser preenchidos por qualquer letra que apareça. Foi necessário lamber todas as feridas para encontrar meus humanos obstáculos.
Tal qual olho pela janela e sinto um novo dia, olho para o nada e vejo infinito. Tão inconstante como meus emaranhados, tão sutil como as sinestesias, tão forte quanto a vontade de mudar...

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