27 de fev. de 2012

.: CUIDADO: O DIABO TAMBÉM FAZ MILAGRES :.

Estar na platéia do teatro é entrar dentro de uma mistura de pessoas e personagens incrível.

Fui assistir essa peça por indicação da COLECIONADORA DE MOMENTOS. Não estava muito esperançosa, até porque comédia não é o meu forte. Mas eu sabia que teria Cida Viana no elenco.


Fui apresentada à Cida quando tinha 19 anos (ok, já tem um tempinho!), e fiquei maravilhada com seu trabalho. Eu tinha pouca experiência nos palcos e nas palavras, mas ela, sempre muito atenciosa e gentil, me contou um pouco de sua trajetória. Eu também assisti, naquela época, a peça VELÓRIO À BRASILEIRA, onde ela estava no elenco.


Alguns anos depois, estou cá de volta e assistindo novamente a Cida! Claro, foi uma alegria imensa, além de rever grandes e velhos amigos,e ser recebida com todo o carinho pelo diretor PADINHA. Olha que isso hoje é raridade, hein? Conheço poucos diretores assim, educados, carismáticos.


Quando eu disse que escreveria uma crítica, ele adorou: "Pode ser boa ou ruim. Tudo é importante para o teatro". Achei aquilo ótimo. Já mandei um email para um diretor dando "um toque" e me tornei, em questão de segundos, sua inimiga mortal... Oh céus! Haja deuses para pouco teatro!


Fui para o palco com medo de encontrar "causos e acausos do povo mineiro", bem ao estilo TREM DE MINAS.
Mas, qual não foi minha surpresa! A peça, passada em PORTO REAL (Hoje, Iguatama), trouxe aos palcos o dia-dia dos pequenos vilarejos de Minas Gerais.
O cenário, lindíssimo, mostra uma casinha de barro onde mora um casal trabalhador que, de repente, passa a viver ao redor de um mistério: o dinheiro dado por um homem para comprar milho estava se multiplicando.

E nessa história, à primeira vista "ingênua", dá lugar a uma crítica ferrenha ao governo e à igreja. Sim, provoca risos. E muitos risos. Os atores são ótimos e interpretam com maestria sem cairem no ridículo. Não fica clichê. Não cansa. E faz pensar no meio da bagunça.
Eles desfazem o mito de que mineiro que mora na roça é burro.

As risadas provocadas são inteligentes, fundamentadas.  

Cida Viana dá um show. Única mulher em cena, mostra uma visão da mulher beata interiorana, com medo de tudo por causa da punição divina. Algo digno das terras da vovó (e que, claro, existe!).

Usaram do humor para mostrar um problema corriqueiro.


E algo surpreendente: atores velhos e novos contracenam com grande habilidade. É de dar orgulho! E quando se pensa que a aposentadoria é para descansar e não fazer nada na vida e nem da vida, vi atores já de idade corrende de um lado para o outro, sem cansar. Ô QUE VELHICE GOSTOSA!


O diabo fez milagres e provocou o riso. E, com certeza, deixou várias cabecinhas pensando, pensando.


O riso inteligente, é isso. Não precisa ser vulgar e nem clichê. Não precisa cair na mesmice. Os personagens não precisam ser ridículos.


Uma comédia simples, um texto simples e uma atuação primorosa.


São através destas peças que se formam pensadores, que se cria uma crítica cultural, e, além disso, uma formação de platéia.


Ficou, no final, um sorriso.

Esta que vos escreve ladeada pelo diretor Padinha e pela A colecionadora de momentos

CUIDADO: O DIABO TAMBÉM FAZ MILAGRES está em cartaz de sexta a domingo, às 19:00h no teatro da Biblioteca Pública (até dia 4 de março). 
Não percam!

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